Miocardiopatia dilatada: o que é e como tratar?


Foto: Ali Hajiluyi/Unsplash

Existem algumas doenças do coração que merecem atenção. Uma delas é a miocardiopatia dilatada, que torna as fibras musculares do órgão distendidas, prejudicando o bombeamento adequado do sangue pelo corpo. Coágulos de sangue, arritmias, infarto e morte súbita estão entre as possíveis consequências.

Mesmo quando diagnosticada precocemente e tratada, a doença pode evoluir para o comprometimento irreversível do coração, tornando necessária a realização de um transplante.

Qual a causa da miocardiopatia dilatada? - Embora seja considerada uma doença rara, a miocardiopatia dilatada é a forma mais comum de cardiomiopatia em crianças, com mortalidade estimada em 75% dos casos até 5 anos após o início dos sintomas. 

No entanto, a doença pode surgir em qualquer idade, podendo estar relacionada a causas genéticas, defeitos congênitos, infecções (vírus, fungos, bactérias ou parasitas), doenças autoimunes e disfunções da tireoide.

Também existem estudos que associam o problema ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, medicamentos com toxicidade relevante (quimioterápicos, entre outros) e exposição a agentes tóxicos, como cobalto, chumbo e mercúrio.

No entanto, muitas vezes a causa não é detectada. Nesses casos, a miocardiopatia dilatada é chamada de idiopática. A região mais frequentemente afetada é o ventrículo esquerdo, importante câmara de bombeamento de sangue no coração.

Conforme suas fibras musculares se tornam dilatadas, elas perdem a capacidade de se contrair adequadamente para bombear o sangue para fora do órgão. Então, o coração deixa de fornecer o oxigênio necessário aos tecidos e demais órgãos do corpo, configurando um quadro de insuficiência cardíaca.

Quais são os sintomas? - As extremidades do corpo podem se tornar mais frias pelo bombeamento inadequado de sangue, além de haver inchaço (edema) nos membros inferiores. Fraqueza e cansaço sem causa aparente também são sintomas recorrentes. Além disso, a pele pode se tornar mais pálida. 

Alguns pacientes reportam falta de apetite, com vertigens e até desmaios. Mesmo assim, pode haver ganho de peso pela retenção de líquidos, inclusive causando inchaço abdominal. 

Tosse persistente, palpitações (sensação de batimento cardíaco acelerado) e falta de ar também podem ocorrer. Contudo, a doença pode ter a evolução inicial silenciosamente e só se manifestar com arritmias e insuficiência cardíaca relevantes. 

Como é realizado o diagnostico? - O diagnóstico é feito por avaliação clínica, exames de sangue e de imagens. É preciso investigar a origem do problema, pois isso implica estratégias distintas de tratamento. 

Na anamnese (histórico dos sintomas baseado nas lembranças do paciente até o momento da observação médica), é investigado o histórico familiar de problemas cardíacos e morte súbita, hábitos de vida do paciente e demais doenças existentes.

Entre os exames, podem ser solicitados eletrocardiograma, ecocardiograma, radiografia do tórax, testes de esforço e exames de sangue para investigar alterações metabólicas e infecções.

Existe tratamento para miocardiopatia? - O tratamento pode ser influenciado pela causa e pelo estágio da doença. Quando a origem está relacionada a distúrbios metabólicos e doenças autoimunes, como diabetes e tireoidite de Hashimoto, controlar a causa pode ter um efeito positivo na progressão da miocardiopatia dilatada.

Além disso, existem medicamentos que auxiliam na restauração do funcionamento mais eficiente do músculo cardíaco, promovendo o adequado bombeamento de sangue.

Devido à frequente presença de arritmias, seja como causa ou consequência da miocardiopatia dilatada, o uso de marca-passo também pode ser considerado. Muitas vezes, o tratamento requer uma combinação de estratégias terapêuticas, com diversos medicamentos, que podem ser avaliados e ajustados periodicamente.

Apesar dos esforços, a doença geralmente é progressiva e, em determinados momentos, nenhum tratamento atinge os efeitos desejados. Nesse caso, o paciente pode ser considerado elegível para um transplante de coração. É importante destacar que o apoio psicológico, especialmente para pacientes pediátricos, também deve ser considerado para seus familiares.

Revisão técnica: João Roberto Resende Fernandes*
*Médico do pronto atendimento e corpo clínico, preceptor da
residência em Clínica Médica do Hospital Israelita Albert Einstein.
Fonte: Vida Saudável